Cancro da Mama
Quais os diferentes tipos de
cancro da mama?
Cancro da Mama
O crescimento de alguns tumores é estimulado pelas hormonas estrogénio e progesterona. Assim, é importante descobrir se o tumor é positivo ou negativo para recetores de estrogénio (RE) ou recetores de progesterona (RPg), uma vez que tumores com um elevado nível de recetores hormonais podem ser tratados com medicamentos que reduzem a quantidade de hormonas disponíveis para as células tumorais.1 Apenas um destes recetores precisa de ser positivo para que um cancro seja considerado recetor hormonal positivo.2
O HER2 é outro recetor que está envolvido no crescimento destes tumores. Os tumores que têm um elevado nível de HER2 podem ser tratados com medicamentos anti-HER2.1 Estes cancros são chamados “HER2 positivo ou HER2+” e apresentam muitas cópias do gene HER2 ou níveis elevados da proteína HER2, crescendo mais rapidamente.2
SUBTIPOS RAROS DE CARCINOMA DUCTAL INVASIVO
Carcinoma adenoide-cístico da mama
É um tipo raro de carcinoma ductal invasivo (menos que 1% de todos os casos cancros da mama). As células quando observadas ao microscópio assemelham-se às células encontradas em glândulas salivares e na própria saliva.8
Tipicamente, este tumor apresenta células triplo negativas. Apresenta menor probabilidade de envolver gânglios linfáticos, sendo mais responsivo ao tratamento e, por isso, tem um melhor prognóstico quando comparado com os tipos mais comuns de carcinoma ductal invasivo.8
Carcinoma apócrino da mama
É um tipo raro de carcinoma ductal invasivo, composto por células que, quando observadas ao microscópio, se assemelham às das glândulas sudoríparas encontradas na zona da axila e virilha. Especula-se que estas células resultaram de um fenómeno metaplásico (mudança de forma), apesar de não ser conhecida a razão para tal fenómeno.8
Geralmente, este tipo de células apresentam-se como triplo negativas, expressando tendencialmente um recetor adicional denominado de recetor androgénico. Apresenta menor probabilidade de envolver gânglios linfáticos, é mais responsivo ao tratamento e, por norma, apresenta um melhor prognóstico que os tipos mais comuns de carcinoma ductal invasivo.8
Cancro inflamatório da mama
Este tipo de cancro tende a ter um crescimento acelerado e uma elevada taxa de metastização.9
Carcinoma medular da mama
É um tipo raro de carcinoma ductal invasivo (menos que 5% de todos os casos de cancro da mama) e é mais expressivo em portadores da mutação genética BRCA1.8
Embora este tipo de tumor seja mais pequeno, é composto por células de alto grau (grande diferenciação e rápida divisão). Por norma, são tumores triplo negativos e, apesar de exibirem caraterísticas mais agressivas, existe uma menor probabilidade de envolverem os gânglios linfáticos.8
Costuma ser responsivo ao tratamento, apresentando melhor prognóstico que os carcinomas ductais invasivos mais comuns.8
Carcinoma metaplásico da mama
É um tipo raro de carcinoma ductal invasivo (menos que 1% de todos os casos de cancro da mama). Quando observado ao microscópio, deteta-se a presença de células ductais anormais e, também, de células muito semelhantes às encontradas no tecido conjuntivo da mama, pelo que se especula que ocorra um processo denominado de metaplasia, que permite a transformação de células ductais em células de forma diferente.8
Pode apresentar um comportamento mais agressivo que os restantes, sendo na sua grande maioria tumores triplo negativos e compostos por células de alto grau (grande diferenciação e rápida divisão). Ao diagnóstico apresentam-se já com um tamanho alargado, apresentando maior grau de metastização e maior probabilidade de recidiva (na mama ou noutro local do corpo).8
Carcinoma mucinoso da mama
Também denominado de cancro da mama colóide, é um tipo raro de carcinoma ductal invasivo, que representa menos que 2% de todos os casos de cancros da mama. As células, quando observadas ao microscópio, apresentam uma quantidade pouco usual de mucina, sendo esta a caraterística que confere o nome a esta variante de cancro da mama.8
As células deste cancro são tendencialmente menos agressivas que as células dos outros tipos de carcinoma ductal invasivo, sendo geralmente de baixo grau (baixa diferenciação e lenta divisão). São, por norma, positivas para a presença de recetores de estrogénio e/ou progesterona e negativas para a presença do recetor HER2. Existe uma menor probabilidade de envolverem gânglios linfáticos, são mais responsivas ao tratamento e apresentam um melhor prognóstico que os restantes tipos de carcinoma ductal invasivo.8
Carcinoma papilar da mama
O seu nome deriva das projeções em forma de dedo, que são observadas ao microscópio nas células que compõem este tipo de tumor. A maioria dos casos são benignos, recebendo a denominação de papiloma e é normalmente recomendada a remoção através de cirurgia. Nos casos em que o tumor é maligno, é comum observar-se simultaneamente células in situ (dentro do ducto) e células invasivas (fora do ducto).8
É normalmente um tumor pequeno, positivo para a presença de recetores do estrogénio e/ou progesterona e negativo para a presença do recetor HER2. É menos provável o envolvimento dos gânglios linfáticos e é mais responsivo ao tratamento, apresentando um melhor prognóstico que os carcinomas ductais invasivos.8
Carcinoma tubular da mama
É um tipo raro de carcinoma ductal invasivo (menos de 2% de todos os cancros da mama). As células tubulares do cancro da mama tendem a comportar-se de forma menos agressiva que os tipos mais comuns de carcinomas ductais invasivos.8
Os tumores são geralmente pequenos e de grau baixo (baixa diferenciação e lenta divisão) e parecem-se mais com células normais. Muitas vezes, é acompanhado por áreas de carcinoma ductal in situ (DCIS), resultado de células que se começaram a dividir anormalmente, mas que ainda não se disseminaram para fora do ducto.8
São, por norma, positivos para a presença de recetores de estrogénio e/ou progesterona e negativos para a presença do recetor HER2. Este tumor é menos suscetível de envolver os gânglios linfáticos, mais recetivo ao tratamento e pode ter um melhor prognóstico do que os tipos mais comuns de cancro ductal invasivo.8
Carcinoma da mama no homem
Um homem portador da mutação genética BRCA1/BRCA2, particularmente a mutação BRCA2, apresenta também um risco mais elevado de desenvolver cancro da mama.8
A maioria são sensíveis ao estrogénio e/ou progesterona, tornando a terapêutica endócrina uma parte importante do plano de tratamento.8
Doença de Paget
É uma forma rara de cancro da mama, que induz alterações na pele da zona do mamilo (sangramento, comichão, descamação e perda de líquido), e representa menos de 3% de todos os casos de cancro da mama. É frequentemente confundido com eczema ou com infeção antes do seu correto diagnóstico.8
As células de Paget apresentam-se na sua maioria como sendo de alto grau (grande diferenciação e rápida divisão) e cerca de 50% são positivas para os recetores de estrogénio e progesterona, com a maioria a ser positivas para o recetor HER2. São por norma realizados outros exames na mama, uma vez que é recorrente a existência de outros tumores associados.8
Sarcoma da mama
Ao contrário dos tipos mais comuns, que se iniciam nos ductos ou nos lóbulos mamários, este inicia-se no tecido conjuntivo que fornece suporte a estas estruturas. Geralmente apresentam células de alto grau (grande diferenciação e rápido crescimento) e são diagnosticados quando já se encontram muito desenvolvidos.8
Tumor Filóide
Representa menos de 1% de todos os cancros da mama; pode ser benigno (não cancerígeno), maligno (cancerígeno), ou limítrofe (com características de ambos).8
O seu nome deriva da palavra grega para “folha” porque as células têm uma aparência de folha sob o microscópio. A maioria são benignos e, podem parecer-se muito com os tumores mamários benignos comuns chamados fibroadenomas. Ao contrário de outros tipos de lesões benignas da mama, podem crescer muito rapidamente e tornar-se muito grandes.8
Os tumores de filóides malignos são uma forma de cancro da mama com origem no tecido conjuntivo que fornece suporte aos ductos e lóbulos mamários.8
Abreviaturas
HER2: Recetor do fator de crescimento epidérmico tipo 2; BRCA: BReast CAncer gene; RH: Recetor Hormonal.
1. ESMO Patient Guide Series – Breast Cancer. European Society for Medical Oncology (ESMO). 2018. Disponível em: https://www.esmo.org/for-patients/patient-guides, consultado em setembro 2022;
2. American Society of Clinical Oncology (ASCO) – Cancer.Net – Breast Cancer: Introduction. Disponível em: https://www.cancer.net/cancer-types/breast-cancer/introduction, consultado em setembro 2022;
3. Gomes do Nascimento R, Otoni KM. Histological and molecular classification of breast cancer: what do we know? Mastology. 2020;1-8. Disponível em: https://www.mastology.org/wp-content/uploads/2020/09/MAS_2020024_AOP.pdf, consultado em setembro 2022;
4. American Cancer Society (ACS) – Breast Cancer. Types of Breast Cancer. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/about/types-of-breast-cancer.html, consultado em setembro 2022;
5. American Cancer Society (ACS) – Breast Cancer. What is Breast Cancer?. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/about/what-is-breast-cancer.html, consultado em setembro 2022;
6. American Cancer Society (ACS) – Breast Cancer. Types of Breast Cancer. Ductal Carcinoma In Situ (DCIS). Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/about/types-of-breast-cancer/dcis.html, consultado em setembro 2022;
7. American Cancer Society (ACS) – Breast Cancer. Types of Breast Cancer. Invasive Breast Cancer (IDC/ILC). Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/about/types-of-breast-cancer/invasive-breast-cancer.html, consultado em setembro 2022;
8. Johns Hopkins Medicine – Rare Breast Tumors. Disponível em: https://www.hopkinsmedicine.org/kimmel_cancer_center/cancers_we_treat/breast_cancer_program/treatment_and_services/rare_breast_tumors/, consultado em setembro 2022;
9. American Cancer Society (ACS) – Breast Cancer. Types of Breast Cancer. Inflammatory Breast Cancer. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/breast-cancer/about/types-of-breast-cancer/inflammatory-breast-cancer.html, consultado em setembro 2022.