6º
3ª
55%
56%
7º
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Carcinoma Hepatocelular (CHC)
É o tipo mais comum de cancro primário do fígado, constituindo mais de 90% dos tumores primários do fígado e desenvolve-se a partir das principais células hepáticas – os hepatócitos.1,8,10,11
O CHC ocorre em aproximadamente 85% dos doentes diagnosticados com cirrose.10
Atualmente, o CHC é a sexta causa mais comum de cancro em todo o mundo e é a segunda causa principal de morte por cancro em homens, com uma taxa de sobrevivência a cinco anos de 18%.9,10
Cancro das Vias Biliares (Colangiocarcinoma)
Sarcomas do fígado (angiossarcoma)
Hepatoblastoma
Prurido
(comichão).15,18
Náuseas
e vómitos.13-18
Abdómen
inchado.14-18
Fadiga
extrema.13-17
Excesso de peso ou Obesidade:
Tabagismo:
Consumo Excessivo de Álcool:
Infecção viral por Hepatite B ou C:
Exposição a Aflatoxinas:
Doenças Hepáticas Hereditárias:
Histórico Familiar de Cancro do Fígado:
Diabetes:
Cirrose:
Idade Avançada:
Desta forma, a prevenção revela-se crucial na luta contra o cancro do fígado e algumas medidas a adotar incluem:
Se apresentar sintomas sugestivos de cancro do fígado, consulte um profissional de saúde que o pode ajudar através de exames complementares de diagnóstico a obter um diagnóstico completo bem a como compreender a extensão da doença.1 A deteção precoce é crucial para um melhor prognóstico e tratamento eficaz.23
• Exame Físico e História Clínica:
– Exame físico para verificar a presença de nódulos, inchaço ou outros sinais invulgares.23-25
– Revisão da história clínica para identificar fatores de risco e sintomas.23-25
• Análises ao Sangue:
– Testes de Função Hepática: Determinação da alteração das enzimas hepáticas e outras substâncias para avaliar a saúde do fígado.23-27
– Teste de Alfa-Fetoproteína (AFP): Níveis elevados de AFP podem indicar cancro do fígado, embora também possam estar elevados noutras patologias.23,25
– Testes para Hepatite Viral: Verificam a presença de hepatite B e C, que são fatores de risco para o cancro do fígado.24,25
• Exames Imagiológicos:
– Ultrassonografia: Fornece imagens de tumores no fígado utilizando ondas sonoras.23-25
– Tomografia Computorizada (TC): Oferece imagens detalhadas em secções transversais para determinar o tamanho e localização do tumor.23-25
– Ressonância Magnética (RM): Utiliza campos magnéticos e ondas de rádio para produzir imagens detalhadas e determinar se o cancro se disseminou para outras áreas do corpo.23-25
– Angiograma: Examina os vasos sanguíneos no fígado, injetando contraste numa artéria e tirando radiografias.25
• Biópsia:
– Biópsia por Aspiração com Agulha Fina (FNA): Utiliza uma agulha fina para extrair fluído, tecido tumoral ou células para análise.23,25
– Biópsia com Agulha Grossa: Utiliza uma agulha ligeiramente maior para remover uma amostra de tecido tumoral.23,25
– Biópsia Laparoscópica: Cirurgia minimamente invasiva para recolher amostras de tecido tumoral.23,25
– Biópsia Cirúrgica: Pode envolver a remoção de parte ou de todo o tumor para exame.25
• Testes Adicionais para Suspeita de Cancro do Fígado Secundário:
– Tomografia por Emissão de Positrões (PET): Detêm a capacidade de determinar a invasão do tumor através da medição de áreas de alta captação de glicose.23,26
– Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE): Utiliza um endoscópio e um cateter para examinar os ductos biliares.22
– Colangiografia Transhepática Percutânea (CTP): Injeta diretamente contraste nos ductos biliares para imagiologia por raios-X.22
Em resumo:
– Análises bioquímicas ao sangue, como testes de função hepática e testes de marcadores tumorais AFP são cruciais para avaliar a saúde do fígado e a potencial presença de cancro.
– Exames de imagem como TC e RM fornecem perspetivas detalhadas dos tumores hepáticos, ajudando no diagnóstico e planeamento do tratamento.
– Biópsia permanece o método mais definitivo para diagnosticar o cancro do fígado, embora nem sempre seja necessário se os exames imagiológicos forem conclusivos.23,25
-Testes adicionais podem ser necessários para verificar a disseminação do cancro ou examinar os ductos biliares, dependendo das circunstâncias individuais.
Compreender os vários testes diagnósticos para o cancro do fígado pode ajudá-lo/a a saber o que esperar e a importância da deteção precoce. Se apresentar quaisquer sintomas ou estiver em alto risco, consulte o seu profissional de saúde para uma avaliação completa e testes adequados.
O estadiamento é fundamental para compreender a extensão do cancro do fígado e planear o tratamento adequado.28,29 Este processo determina se a massa tumoral se propagou ou não para outros orgãos e, se sim, em que proporções, fornecendo informações vitais para os médicos.25
Sistema de Estadiamento BCLC (Barcelona Clinic Liver Cancer)
O seu médico pode recorrer a diversos sistemas para o estadiamento e para determinar o tratamento mais adequado para cada caso.29 Um desses sistemas é o Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC) que tem em consideração os seguintes fatores:
• Número e tamanho dos tumores no fígado.22,30
• Saúde geral e estado físico (estado de performance).29,30
• Classificação de Child-Pugh para avaliar a função hepática.22,29,30
A pontuação Child-Pugh é uma ferramenta de avaliação da função hepática, especialmente relevante para doentes com cirrose hepática, uma condição frequentemente associada ao cancro do fígado.25
Esta pontuação classifica os doentes em três classes (A, B e C), com base em cinco parâmetros:
1. Níveis de Bilirrubina no Sangue: Substância que causa amarelecimento da pele e dos olhos, indicativo de função hepática comprometida.25,30
2. Níveis de Albumina no Sangue: Reflete a capacidade do fígado para produzir proteínas.25,30
3. Tempo de Protrombina: Avalia a capacidade de coagulação do sangue.25,30
4. Presença de Ascite: Sinal de acumulação de fluido no abdómen.25,30
5. Encefalopatia Hepática: Indica disfunção cerebral devido à doença hepática.25,30
Cada parâmetro é pontuado, e a pontuação total determina a classe de Child-Pugh do doente. Classe A indica função hepática normal, classe B remete para anormalidades ligeiras ao passo que classe C indica disfunção hepática grave, muitas vezes desaconselhando tratamentos invasivos como cirurgia.25,30
Em suma, o sistema BCLC permite classificar os doentes em cinco estadios distintos30 :
Estadio 0 (Muito precoce):
Tumor único com tamanho inferior a 2 cm.
Doente com boa condição física (PS 0) e a função hepática é normal (Child-Pugh A).
Estadio A (Precoce):
Tumor único de qualquer tamanho ou até três tumores menores que 3 cm cada.
O doente encontra-se em bom estado geral e ativo (PS 0), e a função hepática é normal ou ligeiramente comprometida (Child-Pugh A ou B).
Estadio B (Intermédio):
Presença de múltiplos tumores no fígado.
O doente mantém-se em bom estado geral e ativo (PS 0), com função hepática normal ou ligeiramente comprometida (Child-Pugh A ou B).
Estadio C (Avançado):
O cancro propagou-se para os vasos sanguíneos, gânglios linfáticos ou outros órgãos.
O doente sente-se menos ativo (PS 1 ou 2), mas a função hepática ainda é preservada (Child-Pugh A ou B).
Estadio D (Terminal):
Indica doença hepática avançada em que o doente apresenta sintomas graves (PS 3 ou 4).
O doente tem disfunção hepática grave (Child-Pugh C) ou encontra-se num estado muito debilitado.
Adaptado de 30
• Transplante de fígado, que pode ser realizado com intuito curativo para alguns doentes nos estadio iniciais da doença.31 Este procedimento pode ser realizado quando a doença se encontra restrita ao fígado e é identificado um doador compatível.32
• Ablação térmica que utiliza calor para destruir as células cancerígenas em doentes nos estadios mais iniciais da doença.31 Existem distintos tipos de ablação que podem ser utilizados nomeadamente a ablação por radiofrequência, terapia por micro-ondas, injeção percutânea de etanol, crioablação e terapia por eletroporação.32
• A terapia de embolização é utilizada com o objetivo de tratar tumores em estadios iniciais e intermédios que não podem ser tratados com cirurgia ou ablação térmica e cujo tumor se encontra circunscrito ao fígado.31 Existem dois tipos principais de terapia de embolização: a Embolização Transarterial (TAE) e a Quimioembolização Transarterial (TACE).32 Ambos os métodos visam restringir o crescimento do tumor ao privá-lo de nutrientes essenciais, bloqueando o fluxo sanguíneo para o tumor utilizando uma substância que obstrui a artéria hepática. No entanto, o TACE igualmente inclui a administração de quimioterapia diretamente na artéria para aumentar a exposição do tumor ao medicamento.32
Isto inclui várias abordagens de tratamento, como a terapia direcionada (recorre a medicamentos que visam especificamente certas características moleculares ou proteínas presentes nas células tumorais) e a imunoterapia (utiliza substâncias para impulsionar, direcionar ou restaurar o sistema imunitário contra o cancro).32
• Radioterapia, que pode ser usada para aliviar a dor em doentes com metástases ósseas e aliviar sintomas de metástases pulmonares ou nos gânglios linfáticos.31 É administrada em várias sessões para permitir a recuperação das células saudáveis e aumentar a eficácia sendo que o número de sessões depende do tamanho e localização do tumor.32
Algumas técnicas frequentemente utilizadas são:
– Terapia de Radiação Conformacional: molda os feixes de radiação para se ajustarem ao tumor numa imagem 3D;32
– Radioterapia Corporal Estereotáxica: posiciona a pessoa de forma precisa em cada tratamento, permitindo doses maiores de radiação diretamente no tumor e reduzindo os possíveis danos no tecido circundante;32
– Radioterapia com Feixe de Protões: utiliza um feixe de protões para atingir especificamente as células cancerígenas.32
• Intervenções nutricionais adaptadas a casos individuais, com foco em aconselhamento dietético e, quando necessário, nutrição artificial, para desacelerar a desnutrição, prevenir a desidratação e melhorar a qualidade de vida geral.31
• Aspectos psicossociais e espirituais devem ser integrados na gestão de cuidados de doentes terminais.31
A evidência científica recente tem permitido aprofundar a nossa compreensão dos processos de imunossupressão no cancro do fígado, resultando numa crescente evidência de que reverter esta supressão pode ajudar o sistema imunitário a combater o cancro.31
Como mencionado anteriormente, a imunoterapia oferece várias opções para combater os tumores. Para saber mais acerca desta abordagem, visite a nossa área terapêutica de oncologia aqui.
Abreviaturas
AFP: Alfa-Fetoproteína; BCLC: Barcelona Clinic Liver Cancer; CHC: Carcinoma Hepatocelular; CTP: Colangiografia Transhepática Percutânea; CPRE: Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica; FNA: Aspiração com Agulha Fina; NASH: Esteato-hepatite não alcoólica; PET: Tomografia por Emissão de Positrões; PS: performance status; RM: Ressonância Magnética; TC: Tomografia computorizada; TAE: Embolização transarterial; TACE: Quimioembolização transarterial.
Referências
1. Cancer Research UK. About cancer. Liver cancer: What is a liver cancer?. Disponível em: https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/liver-cancer/about-liver-cancer, consultado em setembro 2024;
2. National Cancer Institute. What is liver cancer? Disponível em: https://www.cancer.gov/types/liver/what-is-liver-cancer, consultado em setembro 2024;
3. Centers for Disease Control and Prevention. Liver cancer basics. Disponível em: https://www.cdc.gov/liver-cancer/about/index.html, consultado em setembro 2024;
4. Hospital CUF – Cancro do Fígado. Disponível em: https://www.cuf.pt/saude-a-z/cancro-do-figado, consultado em setembro 2024;
5. International Agency for Research on Cancer. Liver cancer fact sheet (2022). Global Cancer Observatory. Disponível em: https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/cancers/11-liver-and-intrahepatic-bile-ducts-fact-sheet.pdf, consultado em setembro 2024.
6. Oh JH & Jun DW. The latest global burden of liver cancer: A past and present threat. Clinical and Molecular Hepatology 2023;29:355-357;
7. International Agency for Research on Cancer. Portugal fact sheet (2022). Global Cancer Observatory. Disponível em: https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/populations/620-portugal-fact-sheet.pdf, consultado em setembro 2024;
8. American Cancer Society. What is liver cancer? Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/types/liver-cancer/about/what-is-liver-cancer.html, consultado em setembro 2024;
9. Foglia B., et al. (2023). Hepatocellular Carcinoma: Latest Research in Pathogenesis, Detection and Treatment. International Journal of Molecular Sciences, 24(15); 12224;
10. National Center for Biotechnology Information. (2020). Hepatocellular carcinoma. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK559177/, consultado em setembro 2024;
11. Mayo Clinic. Hepatocellular carcinoma (liver cancer). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/hepatocellular-carcinoma/cdc-20354552, consultado em setembro 2024;
12. Cleveland Clinic. Cholangiocarcinoma. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/21524-cholangiocarcinoma, consultado em setembro 2024;
13. Cleveland Clinic. Liver cancer. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/9418-liver-cancer, consultado em setembro 2024;
14. Center for Disease Control and Prevention. Liver cancer basics. Disponível em: https://www.cdc.gov/liver-cancer/about/index.html, consultado em setembro 2024;
15. National Health Service. Liver cancer: Symptoms of liver cancer. Disponível em: https://www.nhs.uk/conditions/liver-cancer/symptoms/, consultado em setembro 2024;
16. National Cancer Institute. What is liver cancer? Disponível em: https://www.cancer.gov/types/liver/what-is-liver-cancer, consultado em setembro 2024;
17. Mayo Clinic. Liver cancer. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/liver-cancer/symptoms-causes/syc-20353659, consultado em setembro 2024;
18. Cancer Research UK. About cancer. Liver cancer: symptoms of liver cancer. Disponível em: https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/liver-cancer/symptoms, consultado em setembro 2024;
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20. National Health Service. Liver cancer: Causes of liver cancer. Disponível em: https://www.nhs.uk/conditions/liver-cancer/causes/, consultado em setembro 2024;
21. National Cancer Institute. Liver Cancer Causes, Risk Factors and Prevention. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/liver/what-is-liver-cancer/causes-risk-factors, consultado em setembro 2024;
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23. National Cancer Institute. Liver cancer: Diagnosis. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/liver/what-is-liver-cancer/diagnosis, consultado em setembro 2024;
24. Cancer Research UK. Diagnosing liver cancer: Tests for liver cancer. Disponível em: https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/liver-cancer/getting-diagnosed/tests-liver-cancer, consultado em setembro 2024;
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30. Cancer Research UK. Liver cancer: Stages of liver cancer. BCLC staging system and the Child-Pugh system. Disponível em: https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/liver-cancer/stages/bclc-staging-system-child-pugh-system, consultado em setembro 2024;
31. AstraZeneca. Liver cancer. Disponível em: https://www.astrazeneca.com/our-therapy-areas/oncology/Liver-cancer.html, consultado em setembro 2024;
32. National Cancer Institute. Liver cancer treatment. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/liver/what-is-liver-cancer/treatment, consultado em setembro 2024.