Campanha de sensibilização relembra o direito de todos no acesso aos cuidados de saúde
Associações de doentes e APAH alertam para a importância de se encontrar uma solução que permita dar resposta à pandemia, sem colocar em causa o acompanhamento de outros doentes
Relembrar que “para quem está doente o tempo conta” e que “o acesso aos cuidados de saúde é um direito de todos” são os principais objetivos da campanha de sensibilização que une a AADIC, a APCL, a Careca Power, a EVITA, a RESPIRA e a APAH, e que conta com o apoio da AstraZeneca.
Numa declaração conjunta, as associações de doentes, afirmam que “as pessoas querem voltar a ser atendidas presencialmente, querem ter resposta para os seus problemas de saúde, que nada têm que ver com a COVID-19. Enquanto associações de doentes, é nosso dever alertar e sensibilizar para esta situação e fazer ouvir a nossa voz, reforçando que só trabalhando em conjunto poderemos encontrar uma solução que permita dar resposta à pandemia, sem colocar em causa o acompanhamento de outros doentes, nomeadamente, os crónicos”.

Neste sentido, as associações de doentes, mostram-se “disponíveis para fazer parte da solução” esperando, “ser ouvidos, a par de outras entidades do setor da saúde, na qualidade de representantes dos doentes crónicos”. O apelo é subscrito pela APAH que, embora reconheça “que os hospitais se encontram numa situação crítica, o objetivo é tentar dar resposta a todos os que precisam de cuidados de saúde”. A uma só voz, as entidades promotoras desta campanha referem que “é importante que se encontrem soluções para que a resposta aos doentes não-Covid não fique comprometida, sob pena de não se conseguir recuperar os atrasos verificados desde o início da pandemia, que terão impacto não só nos custos para o SNS, como no aumento da morbimortalidade destes doentes”.

De acordo com um inquérito realizado à população e divulgado no arranque da campanha, é possível concluir que a maioria dos portugueses (60%) sente-se segura ou relativamente segura nas deslocações aos serviços de saúde. É também possível perceber que, se durante o primeiro Estado de Emergência, apenas 28,8% dos portadores de doença crónica, como diabetes, doença cardíaca, doença respiratória ou doença oncológica, recorreram a um serviço de saúde para uma consulta ou tratamento, findo este período, a percentagem subiu para cerca de metade: 53% confirmam ter ido, com apenas 5,8% a admitir ter faltado por receio da pandemia. Uma deslocação que, para 67% dos doentes que a fizeram, foi considerada segura ou relativamente segura.

Recorrer Ao Serviço De Urgência: O Que É Preciso Desmistificar
Apesar das medidas de combate à pandemia nos serviços de urgência, ainda são muitos os portugueses que, com receio do vírus, preferem evitar estes locais. Mas este é um medo que Alexandre Lourenço, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, deita por terra, ao explicar a existência de zonas COVID e não-COVID na receção dos doentes na urgência.
Quais Os Principais Desafios Que os Doentes Têm Enfrentado Na Área Respiratória?
Na área respiratória têm sido muitos os desafios colocados pela pandemia a médicos e doentes. Para estes últimos, a inexistência de um acompanhamento regular no controlo da sua doença tem-se traduzido em consequências que, outrora, poderiam ser evitadas. É sobre elas que fala José Albino, vice-presidente da RESPIRA.
Quais Os Principais Desafios Que os Doentes Têm Enfrentado Na Área Da Oncologia?
Inexistência de rastreios, atrasos nos diagnósticos e suspensão de tratamentos: têm sido muitos os desafios colocados pela pandemia aos doentes oncológicos. Carlos Horta e Costa, vice-presidente da APCL, Miriam Brice, presidente da Careca Power e Tamara Milagre, presidente da EVITA, partilham, neste vídeo, os principais desafios colocados pela pandemia na área da Oncologia.
Mensagens das Associações

APCL - Associação Portuguesa Contra a Leucemia

Dr. Carlos Horta e Costa | Vice-presidente
É fundamental que todos os pacientes continuem a ter acesso de forma contínua às terapêuticas e também que se sintam seguros em ambiente hospitalar. Mas é também crucial reforçar a comunicação médico/doente e serviços hospitalares/doente para que tudo funcione, apesar da atual escassez de recursos.

Todos devemos voltar a estar alerta aos sintomas e todos devemos poder ter acesso a exames de diagnóstico, os cancros continuam a existir e a aparecer, a falta de diagnósticos atempados podem prejudicar, no futuro, algumas adesões às terapêuticas. Somos todos responsáveis pela nossa segurança mas também pela nossa saúde.

Careca Power

Miriam Brice | Presidente
Para acudir e controlar a alavancagem dos impactos graves da COVID-19, o nosso SNS acusou, em determinados momentos, uma saturação assustadoramente perigosa. O sucesso no tratamento da doença oncológica sempre esteve intimamente associado e é diretamente proporcional a uma atempada deteção e reação e a um controlo eficaz e rápido no que se refere à sua progressão. Quando a cura já não está no horizonte do doente, sempre lhe restará, e aos seus familiares e amigos, uma justa expectativa de dignidade e atento acompanhamento durante o tempo em que lhe seja permitido cá estar. Os doentes oncológicos ou os que achando que não o são, o são de facto, ainda sem saber, viram os seus diagnósticos atrasados e o sucesso do seu tratamento comprometido, e ainda, alguns, a dignidade dos seus dias posta em causa, por força, não da existência da pandemia, mas da necessidade de reajustar os recursos e os meios existentes às necessidades que esta veio acrescentar. Não nos condenem a um mau prognóstico. Encontrem-se soluções para que todos, sem qualquer exceção, vejam o seu direito à vida, à saúde e à dignidade da pessoa humana, devidamente respeitado.

EVITA

Tamara Milagre | Presidente
Todas as doenças requerem idealmente um diagnóstico precoce e um tratamento conforme melhores práticas. Se assim não for, a doença torna-se em um peso muito maior e será mais difícil de controlar.

É muito importante de se encontrar uma solução que permita dar resposta à pandemia, sem colocar em causa o acompanhamento aos outros doentes.

O cancro não está confinado, está mais forte do que nunca. Se tiver qualquer sintoma, não hesite em ir ao médico. É seguro e mais cedo for, melhor. Porquê para quem está doente o tempo conta!

RESPIRA

Isabel Saraiva | Presidente
O TEMPO CONTA
Tempo de pandemia, de interrogações e de dúvidas.
Tempo incerto, de rotinas interrompidas, de hábitos modificados, de ritmos imprevisíveis.
Tempo suspenso das notícias, do telefonema, da informação.
Tempo de fazer um exame, de ir a uma consulta, de preparação para uma cirurgia. Tempo de acesso ao hospital, ao centro de saúde.
Tempo de diagnóstico.
Tempo de tratamento.
Tempo de reabilitação.
Tempo de não deixar ninguém para traz, pois para quem está doente O TEMPO CONTA.
Veeva ID: PT-8405
Aprovado a 12/2020
saudeflix whatsapp sharesaudeflix telegram share